segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ao partir de Paumanok

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Ao partir de Paumanok, a ilha em forma de peixe, onde nasci,
Bem gerado e educado por uma mãe perfeita,
Após ter percorrido muitas terras, enamorado pelos passeios
            cheios de gente,
E ter habitado em Mannahatta, a minha cidade, ou nas savanas do
             Sul,
Ou ter acampado como soldado e carregado com a minha mochila
             e a espingarda, ou sido um mineiro na Califórnia,
Ou, rústico, ter vivido na minha terra, nas florestas de Dacota,
             alimentando-me de carne e bebendo nas fontes,
Ou ter-me retirado para devanear e meditar num profundo recanto
Longe do mundo das multidões, momentos cheios de enlevo e
             felicidade,
Conhecendo o fresco e o generoso curso do Missuri, conhecendo o
            importante Niágara,
As manadas de búfalos que pastam nas planícies, o hirsuto e o
           corpulento touro,
Com a experiência da terra, das rochas, das flores de Maio,
           maravilhado com as estrelas, a chuva, a neve,
Atento aos vários cantos do mimo e ao voo do falcão da montanha
E ouvindo de madrugada o incomparável tordo eremita a cantar
           nos cedros do pântano,
Eu, solitário no Oeste, entoo o meu canto para um Novo Mundo.


Walt Whitman. Folhas de Erva. Tradução de Maria de Lourdes Guimarães. Círculo de Leitores., p. 16

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