terça-feira, 19 de julho de 2011

« Tudo o que ele queria da Daisy, esse pouco, era que ela fosse ter com o Tom e lhe dissesse: «Eu nunca te tive amor.» Depois de ela ter obliterado aqueles quatro anos com uma simples frase, poderiam decidir das providências práticas a tomar. Uma delas era, logo que Daisy fosse livre, voltarem para Louisville para se consorciarem na casa dela - tal como se fosse há cinco anos atrás.
    - E ela não percebe! Antigamente era capaz de entender...Ficávamos sentados durante horas...
    Interrompeu-se e começou a passear para cá e para lá numa álea desolada, coberta de restos de fruta, ornamentos de festa abandonados e flores esmagadas. Aventurei-me a dizer:
    - O senhor não devia exigir-lhe demasiado. O passado não se pode repetir.
    -Não se pode repetir? - gritou ele, incrédulo. - Claro que sim, que se pode!
    Olhou em torno, esgazeado, como se o passado e estivesse espreitando, aqui na sombra da casa, mas fora do seu alcance.
    -Vou tornar a pôr tudo como dantes era - disse ele, assentindo com determinação. - E ela vai ver!




F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 115

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