sábado, 12 de outubro de 2013

Serviçais

 
«Quando aparam a relva, têm no branco do olho um espelho onde foice e ancinho brilham como pente e tesoura. Os serviçais não confiam na própria pele, porque as mãos ao agarrar lançam sombras. Os seus crânios sabem que nasceram com as mãos sujas em ruas sujas. Que as suas mãos, agora mergulhadas em silêncio, jamais ficarão limpas. Somente velhas.»


Herta Müller. Já então a raposa era o caçador. Tradução do alemão por Aires Graça. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1ª ed. 2012., p. 32
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