domingo, 7 de agosto de 2022
sexta-feira, 18 de março de 2022
quinta-feira, 22 de julho de 2021
Amália Rodrigues: Erros meus
Em minha perdição se conjuraram
Os erros e a fortuna sobejaram
Que para mim bastava amor somente
Que para mim bastava amor somente
A grande dor das coisas que passaram
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente
A não querer já nunca ser contente
Dei causa a que a fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças
As minhas mal fundadas esperanças
Oh, quem tanto pudesse que fartasse
Este meu duro génio de vingança
Oh, quem tanto pudesse que fartasse
Este meu duro génio de vingança
Amália Rodrigues - Barco Negro
Acordei, tremendo, deitada na areia
Mas logo os teus olhos disseram que não
E o sol penetrou no meu coração
E o sol penetrou no meu coração
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas
São loucas
Que nem chegaste a partir
Pois tudo, em meu redor
Me diz que estás sempre comigo
Eu sei, meu amor
Que nem chegaste a partir
Pois tudo, em meu redor
Me diz que estás sempre comigo
Na água que canta, no fogo mortiço
No calor do leito, nos bancos vazios
Dentro do meu peito, estás sempre comigo
No calor do leito, nos bancos vazios
Dentro do meu peito, estás sempre comigo
Que nem chegaste a partir
Pois tudo, em meu redor
Me diz que estás sempre comigo
Eu sei, meu amor
Que nem chegaste a partir
Pois tudo, em meu redor
Me diz que estás sempre
Comigo
Amália Rodrigues - Não sei porque te foste embora
Não sei por que te foste embora
Só sei que o dia corre e àquela hora
Não sei por que não vens bater-me à porta
Se eu estou ou não para ti já morta
Não sei, não sei nem me interessa
Não me sais é da cabeça
Não sei, não sei o que é isto
E já não gosto e não resisto
Não te quero e penso em ti
Não quero esperar por ti, nem espero
Não quero que me queiras contrafeito
Nem quero que tu saibas que eu te quero
Depois de este meu querer desfeito
Não quero mais encontrar-te
Nem ouvir-te, nem falar-te
Nem sentir o teu calor
Que este amor que não desejas
Só deseja o teu amor
Que este amor que não desejas
Só deseja o teu amor
sábado, 17 de julho de 2021
domingo, 13 de junho de 2021
quarta-feira, 14 de abril de 2021
segunda-feira, 29 de março de 2021
quarta-feira, 10 de março de 2021
segunda-feira, 8 de março de 2021
quinta-feira, 4 de março de 2021
quarta-feira, 3 de março de 2021
Amália Rodrigues " Ilhas Encantadas " 1965
As Ilhas Encantadas (1965)
Les Iles Enchantées
Produção Rodagem: Abr/Jun 1964
M/14
89 min
Realização: · Carlos Vilardebó
Argumento: · Carlos Vilardebó · José Cardoso Pires · Raymond Bellour
O mar, uma espécie de libertação | «Tenho a mania das flores, das árvores e do mar. Gosto de passear nas árvores. Não sou nada bicho da cidade, o barulho faz-me mal, psicologicamente; começo a perguntar-me onde é que tudo vai ter e sofro. Tenho tendência é para o mar. A primeira vez que fui para o mar já não era muito pequena. Nunca fui para o mar para fazer bem à saúde. Fui daquelas que foi forte… Tive as minhas cicatrizes nos pulmões, os gânglios, asma nervosa… mas curei tudo sem dar por isso. Quando ia para o mar, tinha de passar a noite de véspera a fritar peixe para o farnel. Ia-se carregado, vinha-se carregado, era uma estafa. E o mar era para mim como para as outras crianças, para brincar, fazer covas na areia. Hoje é uma espécie de libertação, um horizonte grande que se tem à frente.
Como aprendeu a gostar do mar?
Foi talvez uma necessidade… Com as flores é diferente, sempre gostei. Agora encho a casa de flores, de todas as qualidades, vou à praça e apetece-me comprar as flores todas. As minhas irmãs até me chamam o “tilim das flores”. Quando me dão uma prenda, um cinzeiro ou uns chinelos de quarto, dizem sempre, “Toma lá isto para pores flores”. Mas a tentação do mar só veio mais tarde, penso que por necessidade. E costumo dizer: “Deus deu-me um lugar bom para morrer”.»
R&T [Rádio & Televisão] espectáculos, «Amália: “Globetrotter do fado”», 2 de Setembro de 1972, entrevista por Regina Louro, fotografias por Corrêa dos Santos.
Fonte da Publicação: ver aqui.
Do disco Cantigas Numa Língua Antiga, Abril de 1977.
O original de Bernardim Ribeiro, «Egloga Qvarta chamada Jano», in História de Menina e Moça, reprodução facsimilada da edição de Ferrara, 1554, estudo introdutório por José Vitorino de Pina Martins, Lisboa,Fundação Calouste Gulbenkian, 2002, pp. cix v.º [109 verso] – cx v.º [110 verso]:
Portugal – EMI-Columbia – 8E 072-40477 – Cantigas Numa Língua Antiga, Abril de 1977, capa de Manuel Fortes, fotografias de Augusto Cabrita
Mudei terra mudei vida
mudei paixam em paixam
vi a alma de mim partida
nunca de meu coraçam
vi minha door despedida:
Antre tamanhas mudanças
de hum cabo minha sospeita
e de outro desconfianças
leixanme em grande estreita
e leuanme as esperanças
Nesta triste companhia
ando eu que tam triste ando
jaa nam sam quem ser soía
os dias viuo chorando
as noutes mal as dormia:
Temo descanço tornado
mal que por meu mal ho vi
e eu mal auenturado
mourome andando assi
antre cuidado e cuidado
Por me nada nam ficar
que nam me fosse tentado
prouei darme a trabalhar
mas nunca me achei cançado
para poder descançar:
Quando mais cançado estaua
alli meu mal entam
a meu mal se apresentaua
e o corpo e o coraçam
ambos cançados leuaua
Nam sabendo onde me hiria
que ma mim laa nam leuasse
roguei a Deus nam soo hum dia
que da vida me tirasse
pois me dala nam queria:
Mas com cuidados maiores
cree que Deus se nam cura
ca dos pobres pastores
como que elles por ventura
O quam bem auenturado
fora jaa se me matara
minha door ou meu cuidado
eu morrera e acabara
e meu mal fora acabado:
Nam vira tal perdiçam
de mim e de tanta cousa
perdido tudo em vam
porque hua paixam nam repousa
em outra maior paixam
Adaptação de Alain Oulman para fado:
Mudei terra mudei vida
Mudei paixão em paixão
Vi a alma de mim partida
Nunca de meu coração
Vi minha dor despedida
E eu malavanturado
Morro-me andando assim
Entre cuidado e cuidado
Eu morrera e acabara
E meu mal fora acabado
Não vira tal perdição
De mim e de tanta coisa
Perdido tudo em vão
Porque a paixão não repousa
Em outra maior paixão
O quem bem aventurado
Fora já se me matara
Minha dor e meu cuidado
Esta relação paradisíaca terá, porém, um fim e, recolhida por um veleiro português, em 1830, Hunila conta a sua história...
[Fonte: José de Matos-Cruz, O Cais do Olhar, 1999, p.129]