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domingo, 29 de dezembro de 2013

HEDDA

Ah, os pensamentos...não são assim tão fáceis de reprimir!


Henrik Ibsen. Hedda Gabler. Tradução de Freire de Andrade. Editorial Presença, Lisboa., p. 199

sábado, 28 de dezembro de 2013

LOVBORG

 É verdade, Hedda! E quando eu lhe fazia as minhas confidências! Quando lhe contava os meus próprios problemas! Assuntos que nunca ninguém suspeitou que pudessem servir de tema das nossas conversas. Sentava-me lá e confessava que andava quase todos os dias e também as noites perdido de bêbado. Por fim, era mesmo todos os dias e todas as noites. Oh, Hedda! Que extraordinário poder havia em si para me obrigar a confessar coisas como essas!

HEDDA

 Acredita que houvesse um poder tão grande, em mim?



Henrik Ibsen. Hedda Gabler. Tradução de Freire de Andrade. Editorial Presença, Lisboa., p. 128
BRACK
Por que não há-de ter, como a maior parte das outras mulheres, uma dádiva, pela vocação que...?

HEDDA
Esteja calado! Às vezes quer-me parecer que somente tenho uma coisa como presente!

BRACK (Aproximando-se)
E qual é ela, sem me permite a pergunta?

HEDDA (Mantendo o olhar vago)
É aborrecer-me de morte. Agora já fica a saber. (Voltando-se e olhando na direcção da sala interior, com um sorriso ) É assim mesmo! Aí vem o nosso professor.

BRACK
Cuidado agora, minha senhora Hedda!



Henrik Ibsen. Hedda Gabler. Tradução de Freire de Andrade. Editorial Presença, Lisboa., p. 106
HEDDA
Como é realmente o seu marido, Thea? Percebe o que digo... no trato diário? É amável para si?

SENHORA ELVSTED (Evasivamente)
É tão senhor do seu próprio valor, que julga que faz tudo melhor do que os outros.

HEDDA
Mas diga-me, não será velho de mais para si? Mais de vinte anos, não é?

SENHORA ELVSTED
Sim. É velho de mais. Em diversos aspectos, a minha vida com ele é miserável. Não temos nenhum ponto de contacto, eu e ele. Nem um bocadinho.

HEDDA
Mas ele não a estima? Quero dizer...mesmo fazendo-o à sua maneira?

SENHORA ELVSTED
Ora! Nunca soube qual é a maneira dele sentir. Julgo que lhe sou útil apenas. Apesar de tudo, não lhe saio cara. Sou fácil de contentar.

HEDDA
Isso é idiota da sua parte.

SENHORA ELVSTED (Abanando a cabeça)
Não consigo ser diferente. Pelo menos, com ele. Efectivamente, não gosta de ninguém a não ser dele próprio. Talvez um pouco, dos filhos...um pouco.



Henrik Ibsen. Hedda Gabler. Tradução de Freire de Andrade. Editorial Presença, Lisboa., p. 57/58

HEDDA GABLER

«Hedda Gabler, é um extraordinário retrato de mulher, que domina a intriga do primeiro ao último acto. A sua figura tem algo de fluido, de inapreensível. Lúcida, fascinante, dominadora, há nela quase todos os talentos para viver contente consigo própria. Todavia não vive; o tédio é a sua condição. Incapaz de romper, por um acto definitivo, com as grades em que se sente envolvida, incomunicável com o meio que a cerca, ela vai dissolver-se aos poucos na destruição, vai minar esse pequeno mundo dos outros do qual se sente à margem. Até ao último acto da tragédia. Hedda será sempre presa da sua profunda contradição: detesta o mundo das convenções mas falta-lhe a coragem para arrostar com o rompimento. Isso constituirá a sua derrota no amor e na vida.»
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