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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

«Uma camada de neve impoluta cobria a vegetação do bosque e acumulava‑se nas copas das árvores, caindo lentamente para o chão com um queixume seco. Quando me virei, vi um oceano invernal, que se espraiava do lado oposto ao do separador da auto‑estrada,sereno e tranquilo, como um mar de cor azul brilhante. Tudo o que via me enchia de nostalgia. Fechei firmemente o meu coração e voltei as costas ao mar.
A neve do bosque foi‑se tornando mais profunda, os ramos partidos e os pedaços de troncos duros faziam com me fosse mais difícil caminhar do que aquilo que eu tinha imaginado. De repente, um pássaro levantou voo por entre as árvores com um chilrear agudo. Parei e pus‑me a escuta, mas não ouvi mais nada, era como se não restasse mais ninguém neste mundo. Ao fechar os olhos, escutei o som das correntes dos carros que circulavam pela estrada, que soavam como cascavéis. Tive a sensação de não saber onde estava, de não saber quem era.»




Kyoichi Katayama. Um grito de amor desde o centro do mundo.Trad. Catarina Gândara, Editora Objectiva, 1ª ed., 2009, p. 10
«Naquela manhã acordei a chorar. Como sempre. Nem sequer sabia se estava triste. A par das lágrimas, as minhas emoções iam‑se escoando para um sítio desconhecido. Deixei‑me ficar deitado no futon durante um bocado, absorto, até que a minha mãe se aproximou e me disse: «Já está na hora de te levantares.»
Kyoichi Katayama.Um grito de amor desde o centro do mundo.Trad. Catarina Gândara, Editora Objectiva, 1ª ed., 2009, p.9
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