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domingo, 31 de janeiro de 2021

 «Já ninguém '' fia nem tece''. O tédio é ''um véu cálido e cinzento, forrado com a seda mais garrida e fulgurante'', no qual ''nos envolvemos quando sonhamos''. É nos ''arabescos desse forro que nos sentimos em casa''.*


Byung-Chul HanA Sociedade do Cansaço. Tradução de Gilda Lopes Encarnação. Relógio D' Água. 1ª Edição, Lisboa, 2014., p. 27


* Benjamin, Walter (1977)

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Walter Benjamin sintetiza o conceito de aura como a autenticidade e unicidade de uma obra, uma teia singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela esteja.

A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica

Walter Benjamim, 1930
caráter aurático da obra de arte

Walter Benjamin

domingo, 18 de março de 2018

«Whereas in the symbol destruction is idealized and the transfigured face of nature is fleetingly revealed in the light of redemption, in allegory the observer is confronted with the facies hippocratica [change produced in the countenance by death, long illness, hunger, etc.] of history as a petrified, primordial landscape. (Benjamin 1977: 166)  »

Origens do drama trágico alemão

domingo, 3 de dezembro de 2017

Benjamin pergunta ainda: “de onde vêm os personagens de Walser”? E, responde:

 ''Eles vêm da noite, quando ela está mais escura, uma noite veneziana, se se quiser, iluminada pelos precários lampiões da esperança, com um certo brilho festivo no olhar, mas confusos e tristes a ponto de chorar. Seu choro é prosa. O soluço é a melodia das tagarelices de Walser. O soluço nos mostra de onde vêm os seus amores. Eles vêm da loucura, e de nenhum outro lugar. São personagens que têm a loucura atrás de si, e por isso sobrevivem numa superficialidade tão despedaçadora, tão desumana, tão imperturbável. Podemos resumir numa palavra tudo o que neles se traduz em alegria e inquietação: todos eles estão curados. Mas não compreenderemos jamais como se processou essa cura, a menos que nos aventuremos no seu ‘Branca de Neve’, uma das mais profundas criações da literatura moderna, que bastaria para entendermos por que Walser, aparentemente o menos rigoroso dos escritores, foi o autor favorito do implacável Franz Kafka.''

quarta-feira, 4 de maio de 2016



"O que atrai o leitor para o romance é a esperança de que a morte, que lhe é comunicada pela leitura, possa aquecer a sua fria vida"

-"Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política"
- Walter Benjamin

terça-feira, 14 de abril de 2015

HABITAÇÃO
"Como ardiam aromas desses dias
que em ti cidade amada despertavam
e em águas e poços se apagavam
já tarde atrás de empenas Quando vias
que em tua tarde verde riam davam
sem nunca se encurtarem entre si as
horas alçando o sino em abadias
e anoitecendo todos repousavam
Muda a folhagem canta o vinho agora
sussurra o rio em falas e então vela
no amigo uma amizade a qual ignora
que silente sentir no amado anela
porque do lábio aberto o afasta antes
a palavra que à noite habita amantes."
-"Sonetos"
- Walter Benjamin

domingo, 27 de março de 2011

68.

Como o coral alastra a sua morte
a arder em árvore púrpura no seio
do mar com a temente alma no meio
dos braços rubros presa do mais forte

Com beijo amargo de ruína veio
a ameaça Ela faz voto de sorte
que acre tormento a tal mando suporte
e é-lhe paga final final receio

Medida no festim desesperado
na turvação lembra a doçura amena
bebe o Lethes do tempo perturbado

qual dando eternidade em mão serena
dota a alma e a herança distribui
O ser simples de quem recusa flui.



Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.153
(...)

«protege com seus lírios a grinalda
Só almas na memória que persistem
altas e leves té ao fim subsistem.»



Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.151
reflexos do passado vão e vêm



Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.139

57.

Se as ébrias singraduras não toleras
- quem cantará teus anos de odisseia
teu vento é dor teu mar te desnorteia -
e em entrar nesta casa perseveras

que tu ó dor antes que as mais veneras
bem que hoje ou nunca lá não estanceia
a aguardar-te Penélope ou Erikleia
mas se algum dia a mim voltar quiseras

penso quão fortes troarão teus passos
se subires os belos degraus lassos
de que é meu velho corpo atravessado

e de novo: inaudível e calado
tacteias planos deste íntimo foro
para aceder-me à câmara do choro.




Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.129

50.

Era a memória ardente a inclinar-se
à giesta do tempo por frescura
mas o que em seu espelho se figura
vê que está só e a mesma dor foi dar-se

noite e dia e silente de amargura
uma saudade em febre o viu queimar-se
até vir por um ''sim'' a consolar-se
e do perdão mudo hino lhe assegura

levando imagens e sinais de vez
O olhar liberto penetrou no assento
do alto luto onde da palidez

dos invernos se erguia outro rebento
de cálices que embalam as sementes
dando ao nome louvando descendentes.



Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.113

sexta-feira, 25 de março de 2011

« e em mar de névoa o sono foi pesado
ao coração a desmedir o peito »


Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.109

47.

Enquanto a noite alarga a escuridão
que os animais e os homens adormece
fogo do sonho e o lar nos humedece
e à amiga morta rasga o coração

Chama na vasta fronde se amanhece
ave tímida ao dia dando a mão
e pelas longas ervas sombras vão
coroando o negro túmulo a luz cresce

A alba faz-se outra vez neste lugar
noite que ventos frios descarregava
vai-se a tarde nas relvas ocultar

perante o raio que inimigo cega
e com as horas dando meio-dia
na cova dela toda a luz se unia.



Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.107

45.

Porque é minha alma que o belo só procuras?
de há muito tempo que morreu e o mundo às voltas foi
atrás do seu girar e ninguém falta herói
Porque é minha alma que o belo só procuras?

Senhor porque me acordas em choro e amarguras?
ah bem busquei o sono desfigura-se e dói-
-me abandono que em mim com o teu se constrói
Senhor porque me acordas em choro e amarguras?

Falava eu uma a noite a sós no coração
e emudeci confuso decidido a calar
e tanta turvação da minha alma ocultar

nem despertá-la a dar às dores consolação
mas vê da boca em sono quais círios fez brotar
em lágrimas a arder tanta triste canção.


 
 
Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.103

quarta-feira, 23 de março de 2011

22.

Vós lábios meus quereis cicatrizar
sem cura e ficar mudos? rubras feridas
como de espadas já não são tingidas
Deixai me lance à espada E de brotar

hão-de cessar as queixas desmedidas
da boca que há-de o amigo apropriar
desesperou na morte o silenciar
aliei a seu ser dores incontidas

Não sem que tardo alvor maduro a breve
juventude dos anos lhe transborde
e da hora mortal fadiga leve

se dela sangra o mundo em rubro acorde
A golfada das dores já me sossega
e é mar liso que espelha a alba que chega


Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.37

terça-feira, 22 de março de 2011

14.

Aliei-me à velha noite de maneira
que envelheci com ela e a tristeza
no coração sem paz meteu acesa
a presença das sombras na lareira

O que assim faz ser una essa pobreza
distante sem ter sol na terra inteira
com meu obscurecer quando o não queira
o amigo Na vigília muita vez a

ideia me sacudiu O sonho é raro
em noite assim dá ao insone a sua
claridade impotente para amparo

do homem mas nos seus mundos estua
não lhe brota outra luz no limiar
a lembrança é-lhe lua e faz-lhe par.


Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.41
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