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domingo, 4 de junho de 2017

''Meu amor
conto pelos teus cabelos os dias e as noites
e a distância que vai da terra à minha infância
e nenhum avião ainda percorreu
conto as cidades e os povos os vivos e os mortos
e ainda ficam cabelos por contar
anos e anos e ficarão por contar
Defende-me até que eu conte o teu último cabelo” (Uma Faca nos Dentes)

António José Forte

Azuliante



Azuliante, de 1984, representa o regresso à poesia depois de um hiato de 14 anos e é um poema de amor para Aldina
''Com o focinho entre dois olhos muito grandes
por trás lágrimas maiores
este é de todos o teu melhor retrato
o de cão jovem a que só falta falar
o de cão através da cidade” (Retrato do artista em cão jovem)''

António José Forte

''carregava uma imensa revolta silenciada.''

sobre António José Forte


''A ação poética implica: para com o amor uma atitude apaixonada, para com a amizade uma atitude intransigente, para com a revolução uma atitude pessimista, para com a sociedade uma atitude ameaçadora. As visões poéticas são autónomas, a sua comunicação esotérica (…) por isso, para que não me confundam nem agora, nem nunca, declaro a minha revolta, o meu desespero, a minha liberdade, declaro tudo isto de faca nos dentes, de chicote em punho e que ninguém se aproxime para àquem dos mil passos.”


António José Forte

“pai simbólico e tentacular”

''A voz de Forte não é plural, não é direta ou sinuosamente derivada, não é devedora. Como toda a poesia, a verdadeira possui apenas a sua tradição (…) imemorial, dinâmica, abrindo para trás ou para a frente, única maneira de entender-se a tradição. Não se trata de modo ou moda, forma ou fórmula, acidentalidade ou incidentalidade. O teor é o da inteligência fundamental do mundo.” (Nota Inútil. Em Uma Faca nos Dentes, ed. Antígona)

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quarta-feira, 16 de março de 2016

6


«Explorado, sê manso e obedece. Pode ser que entres no reino dos céus, de camelo ou às costas de um rico. Obedece. Pode ser que vás para a cama com a Pátria. Obedece. Pode ser que o teu cadáver ainda venha a ser o estandarte glorioso do Partido. Nunca percas a esperança, explorado, jamais.»




António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 100

«Explorado, escolhe a pedra para a tua cabeça.»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 100

''crocoloditas de pança encortiçada''


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 97

«Quando em 1922 Dada foi atirado vivo e nu ao Sena, não era para que fosse pescado.»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 95

«Francamente, falar de surrealismo num ambiente de capacidade crítica subdesenvolvida e de chuva miudinha, apetece pouco. Como apetece pouco, outrossim, repetir afirmações já muito bem atropeladas pelos profissionais da nossa esperteza literária. O ferro-de-engomar do talento continua de serviço e quente.»



António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 94

''camas voadoras''

AFORISMOS


                                                                          Iniciação à estética

O nariz de Cyrano de Bergerac, as pernas de Toulouse-Lautrec,
o olho de Camões, as costas de Lichtenberg, e o Aleijadinho.


                                                                           Os artistas mutilados

Van Gogh cortou uma orelha, Cervantes cortou um braço,
Rimbaud cortou uma perna, Ravachol cortou a cabeça, Chaplin
cortou o bigode.

                                                                           Ouvir vozes

Perturbação auditiva que pode levar à morte por queimaduras.
Caso Joana d'Arc.

Cortou a mão para não escrever a palavra morrer.



António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 84

«atravesso a terra de ninguém com um dia de chuva na cabeça
para oferecer aos revoltados»

António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 80
«vem do murmúrio do caos
e rebenta em sílabas de abelhas nos ouvidos»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 79

''nome de animal de patas obscenas''

António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 79

''Mil Crimes de Amor''


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 72

«desse tempo
uma paisagem de nuvens inventadas
para as minhas aves      altíssimas
suspensas sobre a morte»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 70

«À flor da terra a flor de fumo
dos meus cigarros adolescentes
fumados amorosamente entre fantasmas»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 70

«No ano primeiro do fim da melancolia»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 68
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