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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Mandrágora







O BORAMETZ



   «O cordeiro vegetal da Tartária, também chamado «Borametz» e «polipódio Borametz», e «polipódio chinês», é uma planta cuja forma é a de um cordeiro, coberta de penugem dourada. Ergue-se sobre quatro ou cinco raízes; as plantas morrem, à volta e ela mantém-se louçã; quando a cortam sai um suco sangrento. Os lobos deleitam-se a devorá-la. Sir Thomas Browne descreve-a no terceiro livro da sua Pseudodoxia Epidemica (Londres, 1646). Noutros monstros combinam-se espécies ou géneros animais; no Borametz, o reino vegetal e o reino animal.

    Recordemos a este propósito a mandrágora, que grita como um homem quando a arrancam, e a triste floresta dos suicidas, num dos séculos d'O Inferno, de cujos troncos magoados brotam ao mesmo tempo sangue e palavras, e aquela árvore sonhada por Chesterton, que devorou os pássaros que tinham feito ninho nos seus ramos e que, na Primavera, deu penas em vez de folhas.»



Jorge Luis Borges; Margarita Guerrero. O livro dos seres imaginários. Trad. Serafim Ferreira, Editorial Teorema, Lisboa, 2ª ed, 2009., p. 39
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