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quinta-feira, 21 de julho de 2011

a caminho do passado que não volta

      «Ali sentado na areia a meditar nesse outro mundo antigo e desconhecido, imaginei o espanto de Gatsbt, quando, pela primeira vez, identificou a luz verde que brilhava na ponta do molhe da Daisy. Tinha vindo de longe para chegar a este relvado azul, e o sonho deve-lhe ter parecido tão próximo que só dificilmente poderia escapar ao seu abraço. Não sabia que o sonho era já uma coisa do passado, atrás dele, perdido algures na vasta obscuridade para além do clarão da cidade, onde os vastos planos da República se desenrolavam sem fim sob o céu estrelado.
      O Gatsby acreditara na luz verde, no orgíaco futuro, que, ano após ano, foge e recua diante de nós, Se hoje nos iludiu, pouco importa: amanhã correremos mais depressa, alongaremos mais os braços...Até que uma bela manhã...
        Assim vamos teimando, proas contra a corrente, incessantemente cortando as águas, a caminho do passado que não volta.»
    




F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 171/2
«Não podia perdoar-lhe nem gostar dele mas compreendi que o que ele tinha feito era, aos seus olhos, inteiramente justificado. Tudo muito pensado e confuso. Era uma gente estouvada, a Daisy e o Tom - despedaçavam coisas e pessoas e, depois, entrincheiravam-se no seu imenso dinheiro ou na sua insensatez, ou lá o que os mantinha unidos, e deixavam aos outros o cuidado de varrer os estragos por ele produzidos...»




F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 170
 - Tenho trinta anos - retorqui. - Cinco anos mais do que o máximo permitido para mentir a mim próprio e chamar a isso «honra».



F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 169
« - Triste filho duma puta!»


F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 167

. Disse-me uma vez que eu comia como um javardo, e eu dei-lhe uma sova...

« - Achei este livro por acaso - disse o velho. - Mas mostra bem o que ele era, não mostra? O meu Jimmy estava guardado para grandes coisas.Tinha sempre destas resoluções ou outras parecidas. Vê como ele pensava em se instruir? Nisso foi sempre um ás. Disse-me uma vez que eu comia como um javardo, e eu dei-lhe uma sova...»


F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 166
« - Aprendamos a manifestar a nossa amizade a um homem enquanto ele é vivo, e não depois dele estar morto. Tirado ser isso, a minha regra é: não lhe bulas, que é pior.»



F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 164
«Atingira a idade em que a morte perdeu já toda a sua espectral surpresa.»



F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 135

terça-feira, 19 de julho de 2011

sentámo-nos a fumar às escuras

a caminho da morte

«...Mas tinha a Jordan a meu lado, e ela, ao invés da Daisy, era demasiado sensata para carregar de ano em ano o fardo dos esquecidos sonhos...Ao transpormos a negra ponte, o seu rosto enigmático descaiu preguiçosamente no meu ombro, e o dobre soturno dos trinta anos desvaneceu-se sob a pressão tranquilizadora dos seus dedos.
    E assim continuámos rolando a caminho da morte, no crepúsculo que refrescava.»




F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 136

'a promessa de uma década de solidão'

ele acabou por desistir

«(...), e só o sonho morto continuou a debater-se na tarde que se escoava - a esforçar-se por tocar o que se tornava intangível, a esbracejar com desespero para alcançar aquela voz perdida, no lado oposto da sala.»



F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 135
    «O coração bateu-lhe mais e mais depressa, à medida que o rosto dela se aproximou do seu. Sabia que quando tivesse beijado esta rapariga, e para sempre consorciado as suas indizíveis visões ao imperecível hálito dela, a sua mente não voltaria a vaguear, como Deus, pelo infinito. Esperou, pois, mais um instante para tornar a ouvir o diapasão de prata que ressoara, batendo numa estrela. Então beijou-a. Quando os seus lábios a tocaram, ela abriu-se para ele como uma flor e a encarnação foi completa.»




F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 116
« Tudo o que ele queria da Daisy, esse pouco, era que ela fosse ter com o Tom e lhe dissesse: «Eu nunca te tive amor.» Depois de ela ter obliterado aqueles quatro anos com uma simples frase, poderiam decidir das providências práticas a tomar. Uma delas era, logo que Daisy fosse livre, voltarem para Louisville para se consorciarem na casa dela - tal como se fosse há cinco anos atrás.
    - E ela não percebe! Antigamente era capaz de entender...Ficávamos sentados durante horas...
    Interrompeu-se e começou a passear para cá e para lá numa álea desolada, coberta de restos de fruta, ornamentos de festa abandonados e flores esmagadas. Aventurei-me a dizer:
    - O senhor não devia exigir-lhe demasiado. O passado não se pode repetir.
    -Não se pode repetir? - gritou ele, incrédulo. - Claro que sim, que se pode!
    Olhou em torno, esgazeado, como se o passado e estivesse espreitando, aqui na sombra da casa, mas fora do seu alcance.
    -Vou tornar a pôr tudo como dantes era - disse ele, assentindo com determinação. - E ela vai ver!




F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 115

segunda-feira, 18 de julho de 2011

fantasmas ocultos no coração do homem


«Deve ter havido, nessa tarde, momentos em que a própria Daisy há-de ter ficado aquém do sonho - não por culpa dela, mas devido à colossal vitalidade da própria ilusão. Tudo a tinha ultrapassado, ultrapassado tudo. O Gatsby precipitara-se todo inteiro naquele sonho, com toda a sua paixão criadora, acrescentado-o hora a hora, ornando-o de todas as plumas e pedrarias de cor que de caminho lhe surgiam. Não há fogo nem refrigério, por grandes que sejam, que possam aceitar o repto de todos os fantasmas ocultos no coração do homem.»




F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 103

estava consumido de assombro com a presença dela

        «Tinha atravessado visivelmente duas fases e entrava agora na terceira: depois do enleio inicial e da alegria insensata, estava consumido de assombro com a presença dela. A ideia obcecara-o por tanto tempo, tinha sonhado aquilo tudo até os últimos pormenores, esperando de dentes cerrados, por assim dizer, a um inconcebível grau de intensidade!, e agora, na ressaca, entrava em ponto morto, como um relógio a que se deu demasiada corda.»



F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 100

Os Americanos

''Os Americanos, ainda que às vezes se sujeitem à servidão, recusaram-se sempre, obstinadamente, a serem «camponeses».''




F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 97/8

Gatsby

«O Gatsby, ainda de mãos nos bolsos, estava encostado ao mármore da chaminé, numa estranha falsificação de perfeito à-vontade, de tédio mesmo: de cabeça tão inclinada para trás, até se apoiar no mostrador de um defunto relógio de chaminé; dessa posição, os seus olhos consternados fitavam em baixo a Daisy, que poisava, assustada mas graciosa, na borda de uma cadeira.»



F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 95

Daisy


«A vibração juvenil da sua voz era como um tónico na chuva. Sentia-me forçado a seguir-lhe por instantes as ondulações, só com o ouvido, antes de poder estrair qualquer sentido das palavras. Uma madeixa húmida de cabelo atravessava-lhe a face como uma pincelada de azul, e a mão reluzia gotas de chuva quando lhe peguei para a ajudar a apear-se.»



F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 95
''Uma frase começou a pulsar-me ao ouvido, numa espécie de excitação capitosa: «Neste mundo há só os perseguidos e os perseguidores, os empreendedores e os fatigados!»''



F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 91

Nova Iorque

« Nova Iorque vista da ponte de Queensboro é sempre a visão virgem da cidade, com a sua primeira promessa desvairada de todo o mistério e de toda a beleza do mundo.»


F. Scott Fitzgerald. O Grande Gatsby. Prefácio e tradução de José Rodrigues Miguéis, 2.ª edição, Lisboa, 1986, p. 82
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