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domingo, 27 de dezembro de 2015

«(…)... a velha desatou num pranto desesperado mas sem erguer os olhos. Se calhar não podia, era uma questão só entre ela e a sua desgraça.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 48
«Toda a grandeza é um investimento em nós próprios e é por isso que os grandes têm uma grande solidão.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 46

«Deus fez-nos cheios de buracos na alma e o nosso dever é tapá-los todos para navegar.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 44
«As coisas do nosso uso, as pessoas das nossas relações, os hábitos da nossa monotonia, as ideias do nosso sustento mental. Tudo isso ocupa um espaço enorme do nosso ser.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 45
«(...)os filhos, Mónica, são uma invenção da nossa fraqueza para compensar a morte, o modo mais barato de se ser eterno. Um modo proletário de se ser Deus.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 44
«É a última probabilidade de terem um corpo e aproveitam-na. (...) São corpos sem mistério, não têm interior – que é que tendes ainda por dentro? São a carcaça de hominídeos. (...) São os despojos de uma grandeza, mesmo pequena, mesmo ao alcance de uma mão proletária. (...) São velhos, querida. (...) Faziam recortes de papel para a eternidade, são três velhas, enchem fronhas de papel, e havia um homem. (...) Era um homem que ainda tinha interior (...)»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 38

«Eras triste, mas estranhamente decidida, devia haver atrás de ti e da vida uma razão oculta no teu ser para a tua decisão.»


Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 33
«Nada é meu – como posso? mas não tenho tempo de me queixar. Querida, queixarmo-nos é dizermos que temos direito ao que não temos – que é que não tenho? Tenho tudo. Nada me pertence, tenho. É a filosofia mais profunda da vida (...) Nada é nosso, Mónica, a gente é que tem a mania. É uma mania estúpida.»


Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 23
«Vi o homem inteiro estendido numa cama. Estava podre. Devia cheirar mal. Mas era humano na sua lixeira como eu de perna cortada um pouco acima do joelho a equilibrar-me mal no estupor das muletas.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 20
«O corpo. A sua urgência insofrida de se manifestar. Mas também ele nunca existira para mim, quem existia era eu.»

«E era altura de eu te falar do teu corpo, querida (...)»


«Vi-o de súbito como sempre se vê quando o real é muito forte, fiquei por isso a vê-lo mesmo depois de o ter visto. (...) Era um corpo velho deitado...»

 «Mas olha, nem sei se são ideias sobre ele, se calhar são já ideias sobre mim.»


Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 19
«(...) podres esqueléticos, mas não te comovas muito, as caveiras com pressa de serem visíveis, não se mexem, estão quietos na sua invalidez (...) os olhos mortais nas peles encarquilhadas caídos para o chão, que é o chão do seu destino...»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 18
«Era alta a mulher, digamos um pouco mais alta do que tu. De cima a baixo direita, vestida de escuro. De destino, pensei, vestida de destino, e era razoável pensá-lo. (...) que era talvez de mais, mas de todo o modo comprometida com o agoiro, fatalidade, coisas assim.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 17

«É duro morrer, querida.»



Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 16
«(...) – que palavra? Queria inventar-te uma agora para estar certa lá, não a sei. Sinto-a em mim mas não a digo para não existir de mais, é assim. Uma palavra é mortífera, querida.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 14
«Havia a frescura da água, o seu brilho trémulo e um desejo súbito de sermos deuses.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 14


«Não é contigo que estou a falar, não ouças. Hás-de vir ainda à conversa, descansa. E hás-de ter a tua verdade terrestre, agora tens só a minha que o não é. Porque eu podia ter tudo de ti, querida, mas havia o mais que não era para mim.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 11

«Queria dizer-te como me sinto agora humilde e infeliz na bruteza do meu ser.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 11
«Era um momento excessivo em que talvez Deus aparecesse. Era um desses instantes em que tudo oscila e é demais e só é plausível matarmo-nos. Não havia em nós humanidade bastante, era plausível. Estávamos tremendamente ao pé um do outro como nunca, e isso era terrível.»

Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 11

«...como era da nossa obrigação... era uma noite de verão...Caminhávamos à beira-rio e éramos imensos. Gostava de saber agora bem o que éramos.»


Corpus de
“em nome da terra”
de Vergílio Ferreira,
6ª edição, Bertrand, 1994., p. 11
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