domingo, 25 de fevereiro de 2018

O processo de pensar

sygkretismós

sin.cre.tis.mo
silabação

« Ler com a preocupação de compreender significou essencialmente, para nós, explorar hermeneuticamente o sentido dos textos, entendidos como «terra» onde aquele se enraíza e oculta e de onde se abre para um «céu» de esplendor e desocultação.»


O Pensamento de Teixeira de Pascoaes Estudo hermenêutico e crítico .Dissertação de Doutoramento em Filosofia Apresentada à Faculdade de Filosofia de Braga, da Universidade Católica Portuguesa ,Braga– 1 9 9 4

pensamento pascoaesiano

''representações metonímicas do «eu» ''

retrato gráfico-visual

Rome, 2012


desfaz-faz / faz-refaz

“…o poeta deve ser mais um fabulador (fazedor de mitos) do que um versificador (fazedor de versos); porque ele é poeta pela imitação e porque imita ações. E ainda que lhe aconteça fazer uso de sucesso reais, nem por isso deixa de ser poeta, pois nada impede que algumas das coisas, que realmente aconteceram, sejam, por natureza verosímeis e possíveis e, por isso mesmo, venha o poeta a ser o autor delas”

Aristóteles, Poética, 1551 a 27, ed. portuguesa, pp. 115-116
“Afirmo por vezes que um poema – eu diria também uma pintura ou uma estátua, mas não considero artes a escultura e a pintura, apenas trabalho aperfeiçoado de artesanato – é uma pessoa, um ser humano vivo, pertencente pela presença corpórea e autêntica existência carnal a outro mundo para o qual a nossa imaginação o projeta e que o aspecto com que se nos apresenta, ao lermo-lo neste mundo, nada mais é do que a sombra imperfeita da realidade da beleza que alhures é divina”


Fernando Pessoa, Páginas íntimas e de auto-interpretação. Texto estabelecido e prefaciado por G. R. Lind e J. do Pardo Coelho. Lisboa, Ática, 1966, p. 139. 

''Tal como a música, o verso é limitado por leis rítmicas, que, instituem a sucessão das palavras numa harmonia. ''


(...)

«Preservar de decadência morte e ruína
O instante real de aparição e de surpresa
 Guardar num mundo claro
 O gesto claro da mão tocando a mesa »


Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra poética II, p. 116

Provérbio do Malinké


 «Um homem pode enganar-se em sua parte de alimento
Mas não pode
 Enganar-me na sua parte de palavra»

A morte do Logos

o habitat natural do fazer poético andresiano

''O sussurro de tílias junto à casa de infância''

sábado, 24 de fevereiro de 2018


 “Se os limites da minha linguagem delimitam os limites do meu mundo, o meu mundo não tem limites porque se tornou a minha própria linguagem”.

“Vivo-me esteticamente em outro”

Os três princípios do Sensacionismo:
 1. Todo o objecto é uma sensação nossa.
2. Toda a arte é a conversão duma sensação em objecto.
3. Portanto, toda a arte é a conversão duma sensação numa outra sensação

(PESSOA, F., 168)

“liberdade é a possibilidade do isolamento”

«Todas as coisas no mundo exterior têm um paralelo interior. A realidade torna-se sonho; a acção, inacção; a posse, cansaço; o amor, contemplação. E a forma como o mundo interior é construído é pelo uso de uma linguagem própria.

O absurdo do mundo é tentarmos perceber o absurdo do mundo. Em vez disso, Pessoa deixa-nos a hipótese de refazermos o mundo, cada um de nós à nossa maneira. Sim, isso implica que nos afastemos do mundo exterior para o mundo interior, mas, no sentido em que nenhum mundo faz sentido, porque é que o mundo exterior é melhor do que o mundo interior?»


Nuno Hipólito.O SENSACIONISMO É UM NÃO-EXISTENCIALISMO  (IEMO Grupo Interdisciplinar de Estudos Pessoanos e Modernistas)

Ah, compreendo! O patrão Vasques é a Vida. A Vida, monótona e necessária, mandante e desconhecida. Este homem banal representa a banalidade da Vida. Ele é tudo para mim, por fora, porque a Vida é tudo para mim por fora. E, se o escritório da Rua dos Douradores representa para mim a vida, este meu segundo andar, onde moro, na mesma Rua dos Douradores, representa para mim a Arte. Sim, a Arte, que mora na mesma rua que a Vida, porém num lugar diferente, a Arte que alivia da vida sem aliviar de viver, que é tão monótona como a mesma vida, mas só em lugar diferente. Sim, esta Rua dos Douradores compreende para mim todo o sentido das coisas, a solução de todos os enigmas, salvo o existirem enigmas, que é o que não pode ter solução .»

 (PESSOA, F., Livro do Desassossego p. 350)
Toda a obra de Pessoa é de base ontológica, desde logo porque se baseou na criação de personagens que não eram ele e que, como ele próprio disse, retiravam dele as suas qualidades para o deixar como o resto dessa mesma subtracção. Assim escreve Pessoa a Casais Monteiro no início de 1935:

 […] pus no Caeiro todo o meu poder de despersonalização dramática, pus em Ricardo Reis toda a minha disciplina mental, vestida da música que lhe é própria, pus em Álvaro de Campos toda a emoção que não dou nem a mim nem à vida. Pensar, meu querido Casais Monteiro, que todos estes têm que ser, na prática da publicação, preteridos pelo Fernando Pessoa, impuro e simples.»

 (PESSOA, F., 1935)
«O problema central da filosofia é a filosofia que a si própria se põe como problema.» Por que precisamos de filosofia?

A ideia fundamental do ser, ou da realidade, ou da verdade, eis o que procuramos na Filosofia. A Filosofia é a demanda do ser. O que é o Ser, o que é a realidade? Este é o problema da filosofia»

(PESSOA, F., 1908: 52).

Pessoa-filósofo

«Eu era um poeta animado pela filosofia, não um filósofo com faculdades poéticas. Eu adorava admirar a beleza das coisas, delinear – imperceptivelmente através do assombrosamente pequeno - a alma poética do universo.

A poesia está em tudo – no mar e na terra, no lago e na margem do rio. Está na cidade também – não o neguem – isto é evidente para mim, aqui sentado: há poesia nesta mesa, neste papel, neste tinteiro; há poesia no ruído dos carros nas ruas, em cada minuto, cada momento comum, no movimento ridículo do trabalhador, que, no lado oposto da rua pinta a placa do talho.»

 (PESSOA; F., 1906: 22)8
«Tenho de ler mais poesia, de modo a neutralizar um pouco o efeito da filosofia pura»

 (PESSOA, F., 1906: 32)

Dora Maar. Danger 1936


«O Existencialismo não foi só de Sartre, mas foi Sartre que o desenvolveu tecnicamente e lhe deu relevância e credibilidade. Antes dele, Kierkegaard e Nietzsche tinham-lhe dado início e génio. Vejamos que o Existencialismo não é uma escola do PósGuerra, antes uma teoria que nasce na viragem do Século XIX para o Século XX. Kierkegaard morre em 1885 e Nietzsche em 1900. Enquanto escola de pensamento, o Existencialismo revolta-se contra o papel do individuo diluído e oprimido pela sociedade e pela religião e só depois se desenvolve para dar o papel principal ao próprio indivíduo – desta forma impondo o subjectivismo ao objectivismo da escola Positivista.» 

«O Existencialismo é um Humanismo»

 Jean-Paul Sartre, L'Existentialisme est un humanisme, Nagel, 1946

Estudos Pessoanos e Modernistas

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

''A Morte de Deus na Arquitetura.

Aproximações entre o L'Esprit Nouveau e o Existencialismo.''


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018


«Com tanto coração entre as mãos
e tanta
apavorada solidão!»



Miguel Hernandez. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 369

«É somente
um homem sem trabalho.
Algo que nada conta e a que ninguém
 grita:  »


Miguel Hernandez. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 369

Clock drawing


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

«Teu sangue é a manhã que nunca mais termina.»

Miguel Hernandez. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 361
«Os beijos florirão
sobre as almofadas.»


Miguel Hernandez. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 361

«os mais obscuros mortos anseiam levantar-se»

Miguel Hernandez. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 359
«Atirai para as margens do vosso coração,
o sentimento medido, os afectos parciais.»

Miguel Hernandez. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 359


« os beijos não se acumulam em tua boca
angustiada de já tanto os conter »


Miguel Hernandez. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 354

«Não há extensão maior que esta ferida »

Miguel Hernandez. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 354

«Como o touro, nasci só para o luto »

Miguel Hernandez. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 351

''areia amarga''


Miguel Hernandez. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 350

«dá-me a tua mão, sim, dá-me a tua mão quer na vida quer na morte,
assim na terra como no céu.»

Luis Rosales. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 341
''É O MEDO À DOR E NÃO A DOR QUE COSTUMA TORNAR-NOS
                                                                         ASSUSTADOS E CRUÉIS,''



Luis Rosales. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 340

''a dor é lei da gravidade da alma''


Luis Rosales. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 340

(...)

«quero dizer que a dor é uma longa viagem,
é uma longa viagem que nos aproxima sempre onde quer que vás,
é uma longa viagem, com estações de regresso,
com estações que não voltarás nunca a visitar,
onde nos encontramos com pessoas, imprevistas e casuais, que ainda não
                                                                                                                                    [sofreram.
As pessoas que não conhecem a dor são como igrejas por benzer,»


Luis Rosales. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 341

(...)

«e quero dizer-vos que a dor é uma dádiva
porque ninguém regressa da dor e permanece sendo o mesmo homem.»



Luis Rosales. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 339

''Se o coração perdesse o fundamento''


Luis Rosales. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 338

«Há homens que se enterram somente
para que os pisem; (...)»


Luis Rosales. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 337

''E EIS QUE ERA A SOLIDÃO MINHA ÚLTIMA TENTAÇÃO''


Luis Rosales. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 337

''praia de solidões onde o céu e o mar fossem estátuas''

Luis Rosales. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 334

domingo, 18 de fevereiro de 2018


Antologia Palatina, VII. 286:

 “Infortunado Nicanor, consumido pelo mar espumoso, jazes, nu, numa praia estrangeira, ou nalgum rochedo; partindo, perdeste aquelas ricas moradas, bem como a esperança da pátria, Tiro. Nenhum dos teus bens te foi entregue. Ai, infeliz, estás morto, sofrendo com os peixes e com o mar.”

''Morte no mar ''

Antologia Palatina, IX. 95:

 “Coberta pelos flocos da neve invernal, uma galinha envolvia os filhos, no ninho, com as asas, até que o frio a matou. Na verdade, permanecia ao frio, fazendo frente às nuvens do céu. Procne e Medeia, vós que fostes mães, envergonhai-vos, no Hades, ao saberdes das acções das aves.”
Antologia Palatina, VII. 351:

“A ti, que tremeste diante do dever, a tua própria mãe, que te tinha dado a vida, Demétrio, deu-te a morte, enterrando um ferro no fundo dos teus flancos. E agarrando o ferro molhado, cheio do sangue do filho, dizia, rangendo ruidosamente os dentes espumosos, olhando com ar irritado como uma Lacedemónia: «Deixa o Eurotas e vai para o Tártaro! Já que conheceste a miserável fuga, não és meu filho, nem Lacedemónio!»”

''matou-se pela própria mão.''

Antologia Palatina, VII. 517

Antologia de Planudes, 133:

 “Porque elevas para o Olimpo, mulher, uma mão impudente, deixando cair piedosamente de uma ímpia cabeça a cabeleira? Vendo com inquietação, ó mãe de inúmeros filhos, toda a cólera de Leto, chora agora a tua disputa amarga e insensata. Das tuas filhas, uma palpita perto de ti, outra jaz sem vida, a uma outra, ainda, ameaça a dura morte. E este ainda não é, para ti, o fim dos sofrimentos: jaz também o enxame viril dos teus filhos mortos. Ó tu, que choras a desgraçada descendência, que te possas tornar numa pedra sem vida, Níobe, atormentada pela dor.”

''O sofrimento da morte ''

Epicuro, Carta a Heródoto (D.L. X. 125):

“A morte nada é para nós, pois quando nós existimos, ela não está presente; quando ela está presente, então já não existimos.”
Epicuro, Carta a Meneceu (D.L. X. 124):

“Todo o bem e todo o mal residem na sensação; ora a morte é a privação da sensação.”
Eurípides, Orestes, 1033-1034 (Electra):

“Não sou capaz de não chorar a desgraça. ''

“Não me elogies a morte, glorioso
 Ulisses! Preferia, sendo um
trabalhador da terra, servir a outro,
um homem sem posses, do que,
 não tendo mais vida, ser rei
de todos os mortos que pereceram.”

(Homero, Odisseia, XI. 488-491)

''Escrita do Pensamento''

''morte lenta da Literatura''

o político é o “antípoda moral”

a “Literatura é, por excelência, uma riquíssima galeria de afirmações temperamentais”

Carlos Selvagem, “Literatura e Política (meditação à margem)”
 “[d]esde Sócrates e da sua filosofia do Homem que a Política e a Literatura se digladiam inconciliáveis, como potências rivais em permanente beligerância, ora de guerra declarada, guerra surda ou, para falar à moderna, de guerra fria” 

Carlos Selvagem, “Literatura e Política (meditação à margem)”

White-Wind Milou Krietemeijer-Dirks


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Ramalho Eanes: “Não há inevitabilidades, quem escreve o futuro são os povos”

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

MUTISMO DE PABLO

Luis Felipe Vivanco. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 318

«Não se fez o povo para o ministro mas o ministro para o povo »

Luis Felipe Vivanco. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 318

«Não se fez o doente para o médico mas o médico para o doente »

Luis Felipe Vivanco. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 318

''Não se fez o homem para a cidade mas a cidade para o homem''

Luis Felipe Vivanco. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 317
«(...)

deixamo-nos morrer para que outros ocupem as mesmas privações nos mes-
                                                                                                                                 [mos lugares.
Somos sempre os mesmos e estamos enterrados todos juntos, quietos, não
                                                                                                                                [muito fundos,»



Luis Felipe Vivanco. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 317

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

«Pois cada um de nós - o seu viver difícil - não faz falta
se ficam as palavras.»


Luis Felipe Vivanco. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 315

QUE BEM SEI O QUE ANSEIO

Luis Felipe Vivanco. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 314

''lagarta vidrenta''

«Aquelas mãos frias que tudo guardavam »


Luis Felipe Vivanco. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 314

domingo, 11 de fevereiro de 2018


«Nunca pude esquecer seus lisos ombros »


Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 310

IMPROVISO N.º 3

(México)


Um dia ver-nos-emos entre os mortos,
mas para além dos mortos, luz escassa
para rememorar sobre este mundo
perdurável: os montes soalheiros,
os mares refulgentes e as nuvens
que andam vogando pelos céus perfeitos
de teu país. Falar é sempre terno
se houver com quem. Uma vida inteira
sem esperança ergue-se dos lábios
como um viveiro de rosas refugiado
sob zimbros antigos. Quanta invicta 
decadência. Pensemos no amanhã
nutrindo-nos de ontem. Teu corpo longe
com a madeixa escura sobre o alto
paredão da tua fronte, também rosa
à sombra pausada de ti mesmo.
E eu sem ti e sabendo-te no mundo
quase só com o tempo necessário
para ferir-me e fugir. Colher a rosa
ou deixá-la emurchecer na haste
do seu ensimesmamento? Quem soubera!
Viver é cometer aqueles erros
que nunca humanamente se reparam.


Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 309

«(...)  Só um cigarro
é então, nas mãos laboriosas
ao enrolar-se e acender-se, um passatempo
subtil, um abandono reflexivo,
um desertar que ninguém nos censura,
e com os olhos claros recolhemos
a música, o fragrante privilégio
da estação, a água, chove, chove,
suave e firmemente, e nós fumamos,
enquanto o pensamento se aprofunda,
se faz distante, ausente, perdidiço,
e fora vai chovendo lentamente
e ficamos mais isolados, mais absortos:
um ser dono de tudo, um não ser nada.»

Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 308/9

''porque a vida é isso, força cega''


Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 307

«(...)

                                    baixo os olhos
e pousa-se o coração como uma ave
nos laboriosos campos delicados
da cor do mel,
                         olho mais fundamente
e quase já não vejo outra carícia
que não seja a beleza.
                                  É o silêncio
o que me impregna inteiro esta distância,
de onde as coisas se incorporam
à sua divindade.»


Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 306/7


«              Olho as alturas
e só vejo o sol omnipresente
a estender-me as mãos luminosas
como qualquer enamorado.
                                                   A vida ou nada.»




Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 306

«(...)       o homem cala-se.
Já não são as palavras docemente
o que quer dizer os seus suspiros,
nem o rumor desta brisa matutina
que lhe recorda tanto o outro tempo
de sua felicidade e suas mágoas;
já não é ele quem dirige, já não quer
nem sabe possuir: são os enigmas
falando por si sós, »



Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 305

REQUINTE DO CAMPO


As pedras colocadas sobre as pedras
e em cima desse muro primitivo
uma oliveira branca.
Não sei porque será que certas coisas
que nada dizem quase,
que bem analisadas não são coisa
digna de nada,
causam no meu ânimo um fluxo
de inextinguível paz.
Dir-se-ia que minhas raízes sinto
dentro desses contornos depurados
que não são nada,
dentro dessa velhice
de tão firme humildade
como se uma incitação familiar
ali me retivesse.
Algo como uma voz que me dissesse
de dentro de mim mesmo:
esta fé encantadora
é a pobreza.



Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 304
«(...)

Por isso digo:
Isto será preciso para mim?
Não se poderá buscar outra grandeza?
Ser homem terá de ser isso somente,
alguém que vai deixando no seu banho
a pele antiga?
Que deixou de ter cheiro de pessoa,
de ter o cheiro da humanidade?
Porque se confundiu com a higiene
tal desamor? Não quero confundir-me.
Não quero nada, nada, dessas gentes
que me rodeiam. Quero um fogo santo.
Quero crer, crer, em quanto quero
crer, na amizade, nesse privilégio
desta ambição humana de ser homem.
Crer nesta luz da minha consciência
que nunca deixa, nunca, de alumiar-me,
como uma tocha viva, como um dardo
que acabam de lançar cada manhã
de sobre uma açoteia silenciosa.
Quero crer que está repleto o homem
de um projecto divino e misterioso,
de um projecto que não estará jamais escrito
em nenhuma parede, crer que existe
a razão de viver humanamente
sem que nos mande ninguém, sem que ninguém
levante mais a voz, crer que é verdade
que cada homem é dono de si mesmo
qual de uma parte umbrosa e pensativa:
crer em mim.»



Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 303


«(...), começam outros 
que chegam a roer com novo afinco
as migalhas do queijo amarelento
que tresanda a morte. Morte, morte,
é tudo quanto vemos nas mãos
da avidez. A morte é a senhora
deste enxame de moscas enlutadas
que tudo consomem como um sopro
que a ninguém redimiu.

Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 302

um osso miserável: a riqueza


«(...)    O pobre, o poderoso,
a dama e o bobo, quatro cães lebreiros
farejam desde a noite ao amanhecer
o mesmo bocado evanescente,
um osso miserável: a riqueza.»


Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 302

«A grande cidade é selva e apenas selva.»


Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 301

Tout savoir

«Porque todos os convidados dos cocktails dos Chamberlayne se esquecem absolutamente de que há muito mais gente, cá fora da sala de estar, com razões de ser próprias que excedem qualquer pretexto de escapatória espalhafatosa para as psicoses dos Chamberlayne e anexos. Sob o ponto de vista de cada uma das personagens centrais da peça, as outras são pretextos de evasão à vacuidade própria; o casal necessita mesmo de se sentir incompatível, afectivamente divorciado, como justificação de experiências, aparentemente convictas, que cada qual procura fora da vida conjugal.»

Irene Gaspar  in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 124

lirismo elioteano


«Eliot recorta a sua profissão de fé num fundo de quotidiano contemporâneo. Honra lhe seja. E não há dúvida que consegue uma profunda sugestão dramática de dois dos seus grandes tópicos poéticos: a vacuidade interna e a solidão externa das relações humanas (neste caso, as mais íntimas possível, as relações de cônjuges) quando representadas abstractamente, fora do contexto de um ideal criador.»


Irene Gaspar  in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 115

The Murder in the Cathedral

Eliot

''frouxidões pseudo-poéticas''

Cinecittá

« Virginia Woolf foi, como se sabe, a delicada prosadora que, sob influência de Bergson e Proust, introduziu na literatura inglesa o romance introspectivo de captação da «corrente de consciência» e do ritmo essencial do Tempo...Mas os seus problemas específicos de mulher, embora educada em círculos selectos, sugeriram-lhe preocupações que transcendiam muitas vezes a análise desproporcionadamente introspectiva de «To the Ligththouse» ou « The Waves».


Tradução de Irene Gaspar.  A Irmã de William Shakespeare in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 118



''(...) uma língua precisa e clara para se entender e fazer entender-se.''

Alberto Machado Cruz. Cultura Portucalente  in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 116
«(...)à hereditariedade, segundo esses, deveriam os portugueses a incapacidade de concentração, a tibiesa da vontade, e ao clima, depressivo e ameno, o culto da facilidade e a incapacidade de esforços longos.»


Rodrigo Bastos. Panorama: Difusão, Perfeccionismo e Ignorância  in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 115
«Mas há também o autêntico doente do perfeccionismo: o que não tendo recebido uma formação sólida, adquire uma falsa noção do desenvolvimento do saber, tudo quer abarcar e nada chega efectivamente a realizar, inibido em face das tarefas demasiado ambiciosas que se propõe, esquecendo o verdadeiro método de conhecimento por aproximações sucessivas. Este tipo adquirirá facilmente o complexo de tímido e do falhado, o que nunca sucederia se tivesse sido enquadrado num sistema de trabalho de objectivos modestos mas seguros e equilibrados.»


Rodrigo Bastos. Panorama: Difusão, Perfeccionismo e Ignorância  in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 115

''subculturas da arte''

''A energia criativa que existe na rua não deve ser perseguida, mas sim integrada. Por vezes essa energia acaba por se dissipar apenas por não existir interlocução. ''

Vhils, em entrevista ao Jornal Público, 2018


''A credibilização da arte urbana parece ocorrer a duas velocidades. Por um lado o universo canónico da arte tolera-a, mas ainda não a aceita totalmente. Por outro assiste-se a alguns efeitos perversos da sua disseminação, como a promoção de um tipo de muralismo ornamental sem conteúdo e até a aproveitamentos políticos na forma como se deseja melhorar a imagem de alguns bairros, sem que seja garantida a qualidade de vida dos habitantes. 

Tudo isso é verdade. Existem alguns aproveitamentos políticos e haverá um excesso de eventos relacionados com essas práticas, mas também existem muitos bons exemplos de como se pode operar. O que noto é que claramente se abriu uma porta para que uma série de artistas que começaram a operar no espaço público validem o seu trabalho o que é mais do que legítimo. Independentemente desses desvios, tem-se vindo a conseguir que uma série de artistas encontrem o seu espaço, sendo parte da solução e não o problema, para a forma como o espaço público é experimentado. Nitidamente hoje existem várias tribos urbanas que podem contribuir de forma positiva para pensar a cidade, estabelecendo pontes e diálogos que há dez anos não existiam. A força da arte em espaço público é essa – alertar e criar relações, ligações e pontes entre pessoas e lugares muito diferenciados, promovendo a compreensão e até a auto-estima no caso de alguns lugares. Agora, como é evidente, tudo o que se fica pela mera fachada, não interessa muito. De qualquer forma se estamos aqui a questionar alguns destes processos é porque eles levantaram questões, independentemente de alguns erros. É preciso estar alerta, mas também não devemos temer a hipótese do erro.''


Vhils, em entrevista ao Jornal Público, 2018

iconografia

"The Angry Man of Jazz"

Charles Mingus

Café Lehmitz 1967-1970


«(...) as lógicas económicas, urbanistas e territoriais têm pontos em comum, com o capital no centro de tudo isso.)

Vhils, Jornal Público, 2018

'' gentrificação do espaço urbano ''

Vhils

sábado, 10 de fevereiro de 2018

filmologia

linguagens emotivas

TESTAMENTO

Lego aos meus amigos
um azul cerúleo para voar alto
um azul cobalto para a felicidade
um azul ultramarino para estimular o espírito
um vermelhão para fazer circular o sangue alegremente
um verde musgo para acalmar os nervos
um amarelo ouro: riqueza
um violeta cobalto para sonhar
um garança que faz ouvir o violoncelo
um amarelo barite: ficção científica, brilho, resplendor
um ocre amarelo para aceitar a terra
um verde veronese para a memória da primavera
um anil para poder afinar o espírito pela tempestade
um laranja para exercer a visão de um limoeiro ao longe
um amarelo limão para a graça
um branco puro: pureza
terra de siena natural: a transmutação do ouro
um preto sumptuoso para ver Ticiano
uma terra de sombra natural para aceitar melhor a melancolia negra
uma terra de siena queimada para noção de duração

Maria Helena Vieira da Silva







''Olhar para Dentro

Muito antes de a consciência do corpo e as relações entre mulheres e homens se terem tornado temas centrais da vanguarda artística internacional, Maria Lassnig decidiu fazer do seu corpo o foco da sua arte. O objectivo principal da sua “consciência do corpo” era dar forma visual às sensações corporais e explorar a percepção corporal. De forma humorística e séria ao mesmo tempo, plena de anseio mas impiedosa, a artista passou para o papel a percepção que tinha de si própria. Lassnig visualizava assim o que sentia. “Pintamos como somos”, afirmou a artista, confirmando a forma contraditória como conduzia um diálogo incondicional com as realidades externa e interna. 

Os retratos que Lassnig insistentemente criava nos seus tempos de estudante, já revelavam o seu notável talento: um olhar questionador – agudamente perceptivo, impiedosamente crítico – dominava claramente estes auto-retratos e iria acompanhá-la durante décadas de trabalho. O auto-retrato, um género com longa tradição na história da arte a que Lassnig iria dar dimensões inteiramente novas, continuaria a ser o principal tema da artista.

Logo nos finais da década de 1940, Lassnig começou a criar as suas primeiras peças de “consciência do corpo”, a que a princípio chamou “experiências introspectivas”. Ao colocar o corpo feminino no centro do trabalho criativo, antecipou outros percursos semelhantes, tanto na Europa como na América. A sua linguagem simbólica e contorno de linhas não só definiram as formas dos objectos, mas rapidamente começam a comunicar tensão de uma forma extremamente poderosa e concentrada.


Artista-como-Sismógrafo

Maria Lassnig reagiu ao confronto radical com os movimentos internacionais contemporâneos – que se seguiu ao isolamento artístico da Áustria durante a Segunda Grande Guerra, período durante o qual Lassnig era ainda estudante – explorando, de forma entusiástica, conceitos que eram novos para ela: o uso intenso da cor, o Cubismo, o Surrealismo e – a partir de 1951 – a Arte Informal, todos deixaram marcas óbvias nas obras de Lassnig. Depois de ter ido viver para Paris, em 1960, Maria Lassnig libertou-se de restrições estilísticas e começou a pintar obras figurativas, em grande formato, onde a “consciência do corpo” era já um indício da abordagem que adoptaria em obras tardias.

No final da década de 1960, Lassnig mudou-se para Nova Iorque. O palpitante meio artístico da cidade, as posturas feministas e os grupos artísticos presentes, estimulam-na a seguir novos caminhos: fez filmes de animação onde usou desenhos de “consciência do corpo” para processar acontecimentos, anseios e experiências da sua vida privada. Em 1980, depois de uma estadia em Berlim, a artista—na altura com 60 anos—aceitou um convite da Universidade de Artes Aplicadas de Viena para ensinar Teoria do Design – Design Experimental na área da pintura. No regresso a Viena, para assumir o cargo, a sua pesquisa sobre a sensação corporal alargou-se às redes neurais. Os seus trabalhos descrevem com clareza a tensão interna que lhe permitia reagir como um sismógrafo.''


Cerca de 50 desenhos e aguarelas da artista austríaca Maria Lassnig,  vão ser mostrados em Lisboa, no Museu Vieira da Silva

Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva


autorretratos

“Maria Lassnig – Ver não é tão importante como sentir”



Vhils

«A Estrada que Conduz ao Céu »

Alf Sjôberg

simultaneidade

''vício do raciocínio''

« Ao artista deve dar-se liberdade de escolha do seu estilo e da sua forma e, no campo da expressão, todos os processos apontados por nós são igualmente válidos.
   Certos críticos deixaram-se cercar pelas camadas do entusiasmo provocado pelo «campo em profundidade ». Chamas brilhantes e suficientes para estontear os espíritos e obscurecer o brilho, mais afastado no tempo, da obra de Eisenstein. Construía-se, sem se dar conta da natureza dos alicerces, e não só dos alicerces, do próprio esqueleto metálico sobre o qual se formava todo o edifício. Apesar deste esquecimento, a montagem melódica - essa estrutura férrea de suporte - continuava a estar presente em tudo.»

F. Gonçalves Lavrador .Estudos sobre Cinema. Eisenstein, Montagem Clássica e Complexo-Arte-Linguagem (Breves notas para um Ensaio)  in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 109

''a tradição também é lei''

«A evolução progressiva da montagem abre caminho à arte cinematográfica de amanhã»

Pudóvkine

per.fec.ti.bi.li.da.de

Sobre noção de Montagem ( no Cinema)

« Na minha opinião, a montagem não consiste na reunião de fragmentos múltiplos numa só película. A montagem é antes de tudo, para mim, um processo de expressão e de explicação do sentido profundo que comporta o filme e de que usa para traduzir no écran as manifestações da vida real»

Pudóvkine

Montagem fílmica

« esse papel que toda a obra de arte se impõe a si mesma, a necessidade da exposição coordenada do tema, conteúdo, trama, acção, o movimento dentro da série fílmica e a sua acção dramática como um todo»

Eisenstein

«Os Dois Tímidos»

René Clair

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018


«Eisenstein sofreu a amargura de não ver muitos dos seus sonhos artísticos realizados. Com isso, apenas perdeu a Humanidade.
   Mal com Deus e com o Diabo, tantas vezes incompreendido, tantas vezes vítima da sua ânsia de perfeição e de harmonia, tem direito absoluto à justiça dos vindouros e à nossa própria justiça.»



F. Gonçalves Lavrador .Estudos sobre Cinema. Eisenstein, Montagem Clássica e Complexo-Arte-Linguagem (Breves notas para um Ensaio)  in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 100

«The Film Sense»

arte fílmica

domingo, 4 de fevereiro de 2018

casa desabitada

«(...) 

o mundo não deterá por isso seu destino inadiável
quando os pés do homem se encheram de terra nova
e transladam seu coração sem nostalgia
ali onde tu, casa desabitada,
não és ninguém.»


Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 299

« casa guardada num estojo de heras!»

Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 298

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